domingo, 4 de maio de 2014

Quem nunca fui

Todos sabiam que uma hora ou outra ela iria desaparecer. Não por problemas com a máfia local ou por um amante enlouquecido. Ela iria desaparecer por ser muito pra pouco. Iria pegar o primeiro ônibus em caminho a lugar nenhum. Alguns achavam que ela apareceria uns vinte anos depois em Laos ajudando crianças a cruzar rios durante a época das monções, ou então em algum país Africano ajudando flagelados da guerra. Mas a grande questão é que ninguém esperava que ela continuasse lá. Só que a grande viagem nunca aconteceu. Ela poderia ter descoberto praias desertas, poderia ter se apaixonado por um russo ou por um escocês, poderia ter feito alguma diferença. Mas nunca fez. Nunca teve a coragem. Casou, trabalhou, criou, mas nunca chegou a ser quem nasceu para ser.


sexta-feira, 25 de abril de 2014

Escolhendo bem

Eu não assisto televisão. Eu não vejo novelas. Sempre tive um certo asco por programas de televisão que, ao contrário do que muitos pensam, nada mais é do que um retrato da sociopatia brasileira. 
Um ano inteiro de pessoas armando planos pra acabar umas com as outras, fofocas e até mesmo violência; um dia de compaixão. 
Esse lado perverso das pessoas, principalmente quando aplicado na minha vida - é claro - sempre foi o meu ponto mais fraco. Admito aqui que ver a pura maldade em forma de ações sempre virou meu estômago e me trouxe apreensão por um desfecho positivo, o qual nem sempre acontece - ao contrário das melosas novelas, que no final dá tudo certo. 

De sociopatas quero distância, assim como tenho da televisão. 



E de quebra a vilã que mais fez sucesso até hoje - Nazaré Tedesco!

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Árabes e chimarrão

Uma vez, quando morava na Irlanda, consegui uma entrevista de emprego perto da escola onde eu estudava. Fui, me dei bem e o entrevistador (dono, árabe e estanho) me disse pra passar lá no final do dia seguinte, dizendo que tinha uma coisa pra mim e que era pra eu levar aquele tal de "chimarrão". Fui.
Ele não tocou no assunto "emprego" colocou um filme (alerta vermelho, gurias!), me ofereceu alguma coisa pra beber e então TCHARAM! descobri que o que ele tinha pra mim era: uma garrafa de vinho e duas pulseiras, uma delas dizendo "I love you, togheter forever". 
Tá entre as experiências mais estranhas que eu tive, e que só algumas pints de Guinness fez tirar da cabeça por um tempo! 
E, sim, ele tomou meu chimarrão e eu joguei um montão de erva fora por causa dele! 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Uma vez eu li/escutei/psicografei que o que a gente mais gosta nos outros são nossas qualidades refletidas. 
O que a gente não gosta, reza o verso pelo avesso. 
Uma espécie de narcisismo e, por outro lado, uma psicoterapia não autorizada no maior estilo da Esfinge Moderna de Quintana - devora-me ou decifro-te. 
Acabamos, então, escolhendo as pessoas que ficam ao nosso redor por serem ou não parecidas conosco. Por dividirem ou não os nossos costumes e valores.
Mas no final de tudo cada um sabe o melhor que faz e o que acalma o seu coração, seja lá ou cá, não é?
Como diria Machado de Assis na frase que rege a minha vida: "Basta amar para escolher bem; o diabo que fosse era sempre boa escolha."



3 fatos irrelevantemente interessantes que aconteceram comigo hoje: 

Vi uma pessoa comprar teste de gravidez com extrema felicidade, falando bem alto pra farmácia inteira escutar, coisa que eu jurava que só acontecia em filme (quem adivinhar o que eu tava comprado leva uma 7 belo).

Fui elogiada pelo meu anel de cruz "moça bonita tem que andar protegida mesmo". Moça agnóstica com lapsos deístas também.

Descobri que no início do ano que vem meu boneco do Woody completa 18 anos - e quando meus irmãos trouxeram ele de uma viagem à Disney eu já tinha uma idade relevante. Nesse mundo moderno meu caubói já teria se reproduzido e taria criando ovelhas por aí.




Coração que bate em descompasso: às vezes pra cima, às vezes pra baixo.
E se resolve parar de bater, respiro fundo, aproveito o colo e reentro no passo.



Conversa de engarrafamento: sorvete e amor.

[Pai] -Fê, qual foi o sorvete que tu tomou hoje? 
[Fê] -Peguei o de chocolate trufado, que não gostei muito, junto com o de cookies, que é uma delícia! Mas o de menta com chocolate continua sendo o meu predileto, vocês deveriam experimentar.
[Mãe] -Ah, não adianta nem tu falar! A gente ama aquele de sempre, não vamos mudar.
[Fê] -Eu, por outro lado, já penso diferente: o de menta com chocolate é meu preferido, mas como eu vou saber se não tem um que eu goste mais ainda e na verdade eu to perdendo tempo com esse? Quero experimentar todos e então ter uma ideia formada. Essa também é mais ou menos a ideia que eu tenho sobre relacionamentos.


Oliver Bartolomeu

Meu gato baba. Mas entendam, por favor, isso não é motivo pra desgostar, muito pelo contrário, porque ele só baba quando está muito feliz. 

Ele também honra a sua linhagem felina e solta pêlos. Muitos pêlos. Tantos que muitas vezes ele já se foi há muito tempo e eu ainda acho que ele está perto de mim. Mas mais uma vez, isso não é ruim, muito pelo contrário.
Ele gosta de dormir de conchinha e, muitas vezes, se tu entrar no meu quarto pela manhã, vai ver ele vigiando meu sono.
Não é sempre que ele aceita carinho, mas quando aceita ele também retribui. 
Ele vive pedindo por mais comida, como se fosse o filhote desgarrado que era quando trouxe ele pra casa, tentando abrir sacos de ração com dentes inexistentes. 
Ele não me deixa estudar algumas vezes e parte meu coração em dois quando quer atenção e não posso dar, remendo que só o ronronar dele é capaz de fazer.
Ele sai e as vezes demora pra voltar, e quando volta traz presentes que muitas vezes vem junto pedindo socorro.
O meu gato tem um pouquinho de cachorro e fez meus cachorros terem um pouquinho de gato. 
E, acreditem, a combinação é perfeita.




                Meu pequeno aproveitando um colo pra dormir quentinho @ogatooliver .
Encantam-me as pessoas que não são cabides; aquelas que vestem o seu exterior com a cultura e a profusão de ideias que guardam no peito.
Também são valorosas aquelas que não são classificadas pelo quanto atraem pelo andar, mas sim pelo quanto magnificam pelas palavras. 
Saber que ser cabeça não anula cadência, mas que é cadente aquele que não busca ser cabeça antes de ser bunda.